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No limiar da asa dourada
A designação GoldWing tem mais de três décadas, e o que começou por ser uma moto grande, tornou-se numa grande moto.
Equipada com o que de melhor se faz na actualidade a vários níveis, a Honda GoldWing custa € 32 000 (por extenso, trinta e dois mil euros). Dá qualquer coisa como € 5 000 por cada cilindro desta 1800... Mas atenção: se achar caro, há que saber em relação a quê. E, para além disso, há que saber também concretamente o que é que acha caro. Vejamos: vai ficar sentado a menos de um metro do solo – a muito menos. Todavia, à sua frente vão estar um airbag, um sistema de navegação de última geração, que lhe permite configurar a viagem em casa, na comodidade do sofá comprado no Natal, ou na rede que comprou no Natal (Brasil). E quando chegar à moto, é só transferir os dados que preparou no portátil. Tem um belo equipamento áudio, aquecimento nos punhos e nos assentos, um bom apoio e boa visibilidade, três malas onde cabe tudo o que precisa para viajar de moto, e um motor de seis cilindros, tão suave como o talco aromatizado.
No comprimento são mais de dois metros e meio. De largura, tem menos um palmo do que um Honda Jazz, e no peso, é mais do que um tigre-de-bengala e, neste caso, a comparação é deliberada! Em bom rigor, a GL 1800 pesa 421 kg, mas a comparação com o felino tem a ver com a agilidade da moto. Para além de bem distribuído, o peso não chega a incomodar, até porque a moto anda sempre direita. Nas manobras, é o guiador que vira e bem que se farta. Em estrada, o truque de empurrar ligeiramente o guiador faz com que a moto conceda um belíssimo encadeamento nas curvas e um surpreendente comportamento dinâmico, tanto melhor quanto maior a antecipação de quem vai aos comandos, com alguns destes a existirem no guiador e painel.
A duplicação dos comandos – de igual forma como acontece na aeronáutica – destina-se a permitir a configuração da moto, quando está parada, e os ajustes quando está em andamento, sendo que neste caso se exige alguma habituação. Exemplo disso são os comandos do GPS, com indicação vocal. Mediante um painel a cores, há alguma informação, mas demos por falta de dados essenciais para viagem, como a velocidade e consumos médios. E ainda ficámos mais surpreendidos, porquanto a PCX 125 (a scooter mais vendida entre nós) tem um pequeno ordenador de dados que nos faculta o consumo médio. No entanto, um bom equipamento áudio e um indicador de nível de combustível, fizeram-nos esquecer alguns detalhes.
Dominar estes seis cilindros foi uma das coisas que nos deu mais gozo. Por um lado, e apesar de parecer que o motor está acelerado, a suavidade com que acelera é surpreendente, sem todavia ter acelerações ou reprises de evidenciar. Outra das características que nos agradou é a quase ausência de vibrações, e o silvo característico deste motor, que nos faz lembrar a suavidade com que um “skiff” desliza no Tejo.
Esta GL ainda tem outra particularidade, muito funcional quando se tem de parar numa subida, inverter a marcha ou estacionar a moto: a marcha-atrás. Mediante um botão na manete esquerda, e com a moto em ponto-morto, basta carregar nesse botão e temos a GoldWing travada ou pronta para accionar o motor eléctrico que nos permite manobrá-la.
Quando se olha de lado para esta moto, dificilmente se tem a ideia da protecção aerodinâmica que a GL concede. E esta é bastante importante, não só quando chove mas também quando se viaja! O ruído do vento é dos mais incomodativos para quem viaja de moto e, neste caso, é notável a protecção. Mais abaixo, e na falta de braseira, existem duas aberturas que permitem canalizar o ar quente dos cilindros para os pés, ao mesmo tempo que ajudam a desviar o ar frio ou o spray em tempo de chuva.
Para os que já conheciam este modelo e possam estar convencidos de que pouco mudou, tomem atenção aos detalhes, tanto os visíveis como os camuflados. Por exemplo: é preciso andar na moto para perceber o quanto a GL trava na traseira, quando a generalidade das motos tem a maior eficiência da travagem na frente. Quase escapa ao olhar, mesmo ao atento, a diferença do depósito de combustível, que é mais estreito face ao anterior modelo. E depois de estar bem sentado, não esquecer de ir aos comandos da suspensão e afinar as respectivas. Se já fez isso tudo, ponha o capacete, calce as luvas e fogo à peça. E a propósito de fogo, se estiver a pensar comprar um cão ou um gato, chame-lhe tudo menos fogo. Se um dia o animal desaparecer, vai ter de andar pela rua a chamar pelo animal. Não dá jeito. Boas curvas.
Cilindrada (cm3): 1832
Potência (cv): 117
Preço: € 32 000
Ano: 2012
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